Crítica: Warriors - Selvagens da Noite

  

Todo mundo pra trás que o pau vai pegar!!! Como prometido, estou trazendo um post especial com a crítica e também curiosidades sobre um dos clássicos absolutos dos anos 80, Warriors - Os Selvagens da Noite. Então peguem seus tacos de baseball, suas correntes e vamos juntos nessa briga nesse post!

  Como já falei no post anterior, os atores do filme "The Warriors" voltaram para Coney Island. Esse reencontro dos astros do cult oitentista com os fãs, me inspirou a escrever esta matéria especial. Porém, antes de começarmos, já vou avisando, por se tratar de um filme dos anos 80, nada do que for escrito aqui será considerado spoilers. Até porque acredito que a grande maioria dos leitores deste blog já tenham visto esse filme pelo menos umas dez vezes.

Sinopse:

  O filme se passa em Nova Iorque, no ano de 1979. A cidade está tomada pelas gangues de rua que guerreiam entre si e contra a polícia. Cyrus, o líder da maior gangue da cidade, os Gramercy Riffs, declara uma trégua e convoca uma reunião geral no Bronx com a intenção de unir todas as gangues para a dominação total da cidade. No entanto, durante o seu pronunciamento, é assassinado por Luther, líder dos Rogues. Fox, membro dos Warriors, do distante bairro de Coney Island, testemunha seu ato e é visto por ele. Para se salvar, Luther imediatamente acusa os Warriors de assassinar Cyrus, fazendo com que os Riffs matem Cleon, líder do grupo, e persigam o resto da gangue por toda a cidade, após anunciarem numa estação de rádio que querem todos os Warriors, vivos ou mortos.

Assim, começa a corrida dos Warriors pela noite, tentando chegar ao seu território, lutando contra todas as gangues e a polícia, que agora os procuram.

  O filme Warriors - Selvagens da Noite (The Warriors) foi lançado em 1979 nos cinemas americanos e foi sucesso de bilheteria. Não é para menos, pois o diretor Walter Hill nos entrega uma obra de ficção com todos os elementos para se tornar um sucesso. Perseguições, atuações carismáticas, anti-heróis com características próprias e muito mais. E talvez esses elementos, aliados a excelente trilha sonora, tenham sido os responsáveis por criar um filme atemporal e com todo o potencial para se tornar o filme cult que é atualmente.

  Como a sinopse mesmo deixa clara, o filme é basicamente um grande video-game, onde acompanhamos nossos heróis enquanto vão passando de fase, enfrentando inimigos cada vez mais casca-grossas. Quem assistiu o filme pela primeira vez e acompanhou a febre de beat 'em ups, os populares jogos de "porrada" como Final Fight e Double Dragon, sabe que é impossível não comparar os mesmos. Por falar em heróis, nenhum deles pode realmente receber tal alcunha (ah.. a sapiência de se falar bonito!), sendo considerados na melhor das hipóteses anti-heróis. Todos os protagonistas do filme são marginais, soldados de gangues que tem como único intuito roubar, furtar e dominar seus respectivos bairros. Até mesmo Mercy (Deborah Van Valkenburgh) a "mocinha" do filme, de mocinha não tem nada, sendo irritante em várias passagens do longa. O que falar então de Ajax, brilhantemente interpretado por James Remar, o Warrior preferido de 9 entre cada 10 fãs do filme. Ajax é um sujeito arrogante, folgado, que trata as mulheres de uma forma no mínimo duvidosa, mas que nos deixa profundamente tristes ao sair de cena após uma prisão injusta. O líder Swan (Michael Beck) faz o tipo quietão, mas que prefere entrar numa boa briga ao invés de pedir licença. Os outros membros da gangue não deixam por menos, Fox, Cleon, Snow, Cowboy, Vermin e o novato Reimbrandt tem suas próprias características e defeitos. Aí você me pergunta, caro leitor, como se importar ou mesmo torcer por tipos como esses? Fácil, apesar dos inúmeros defeitos, todos tem suas qualidades, dando profundidade e dimensão para cada um dos nove Warriors (ou Guerreiros na boa e velha dublagem da Herbert Richards). é impossível não torcer por eles, quando vemos que um jamais abandona o outro, mesmo quando a situação está feia. Os Warriors do filme são mais que uma gangue, são uma família, pois talvez essa seja a única forma de sobreviver no cenário apresentado durante o longa.

  No quesito técnico, eu considero um filme muito bem feito para a época, com uma excelente fotografia, coreografias de luta muito bem feitas, mas sendo retratadas de forma bem crua, algo bem "street fighter" mesmo. Aqui preciso citar duas lutas em particular. A contenda entre os Warriors e os Baseball Furies e depois contra os Punks. Na primeira, só o visual dos Baseball Furies já é digno de nota, uma mistura da banda Kiss com jogadores de Baseball (obviamente). Além disso temos uma perseguição angustiante, onde os Warriors, divididos por causa de uma briga anterior, são obrigados a enfrentar os Furies armados com tacos. Aqui os Warriors mostram por que são uma gangue de respeito, pois mesmo em visível desvantagem numérica, conseguem dar uma bela surra nos caras pintadas. Lembram do Ajax? Aqui ele prova porque é um dos personagens mais carismáticos do longa. Na segunda luta, contra os Punks, uns zé manés vestidos de jardineira e blusa listrada, com patins de quatro rodas (modinha dos anos 80), os Warriors demonstram que além de serem bons de briga, também são excelentes estrategistas. A pancadaria acontece dentro de um banheiro da estação de metrô e os Warriors utilizam o ambiente para acabar com os Punks sem ter nenhuma baixa. 

   A fotografia do filme é excelente, o filme se passa inteiramente à noite e o diretor Walter Hill consegue nos passar com maestria a periculosidade da madrugada nas periferias de Nova Iorque. 

   A trilha sonora do filme é uma mistura dos famosos sintetizadores dos anos 80 com a típica Soul Music do final dos anos 70. Posso dizer que até hoje é viciante e dá um ar único ao longa.

 O filme Warriors - Os Selvagens da Noite é um filme único que merece ser visto e revisto quantas vezes for possível. É de uma safra de filmes que nos trazem nostalgia simplesmente ao serem mencionados. Eu mesmo, ao rever o filme no último final de semana, com sua dublagem original, fui pego pela nostalgia de quando era pequeno e não podia ficar acordado para assistir o Supercine, muitas vezes burlando a vigilância dos pais para poder ligar a TV de tubo nas madrugadas da Globo. Época em que esta passava filmes realmente decentes e não enlatados com o mesmo plot (Um homem, uma mulher, uma rede de intrigas e traições, blá, blá, blá...). Se você já viu o filme caro leitor, corra para assistir novamente, pois o mesmo fica melhor com o passar do tempo. Se não viu ainda, não sei o que está fazendo aqui que não foi baixar no torrent correndo pra locadora alugar uma cópia.

 Um filme como Warriors - Os Guerreiros da Noite não poderia deixar de ter inúmeras histórias e fatos curiosos sobre a produção. Deixo aqui para vocês algumas dessas curiosidades.

•  Durante as gravações da pendenga entre os Orphans e os Warriors, aconteceu uma perseguição de verdade envolvendo a polícia e delinquentes locais, o que obrigou a interrupção das filmagens.

•  A gangue Baseball Furies foi criada aliando duas paixões do diretor Walter Hill, o esporte Baseball e a banda Kiss. Além disso Hill decidiu colocar a gangue no filme quando soube da existência de uma gangue da vida real com as mesmas características, os Second Base.

•  As filmagens ocorreram entre Junho de 1978 e Fevereiro de 1979. Warriors foi o líder da bilheteria no seu final de semana de estréia.

•  O filme tem uma única cena durante o dia. Justamente a cena final. Isso foi feito intencionalmente, pois os produtores queriam mostrar o terror e a urgência da noite na vida das gangues.

• O logo utilizado na jaqueta dos Warriors foi inspirado no símbolo dos Hell's Angels e inclusive foi cedido por estes. Os Hells Angels se arrependeram depois mas já era tarde. A jaqueta com o símbolo apareceu até mesmo na revista Rolling Stones.

• As principais gangues do filme eram: The Warriors, The Baseball Furies, The Boppers, The Boyle Avenue Runners, The Lyzies, The Punks, The Electric Eliminators, The Gladiators, The Gramercy Riffs, The Hi-Hats, The Moonrunners, The Savage Huns, The Rogues, The TurnBull AC's, The Van Cortlandt Rangers e The Saracens e The Orphans (apesar desses serem considerados de terceira categoria no filme).

•  Foram usados mil figurantes na cena inicial, a maioria gangues da vida real com seus uniformes usuais. Isso tornou o filme ainda mais autêntico, pois foi realmente declarado uma trégua geral para que a cena inicial fosse feita.

•  No roteiro original, Fox (Thomas Waites) era o interesse amoroso de Mercy, mas o diretor gostou mais da química de Mercy e Swan, como visto no filme. Além disso, o ator Waites discutiu com a produção do filme e resolveu abandonar as filmagens na metade, inclusive pedindo para retirar seus nomes dos créditos iniciais e finais. O ator só fez as pazes com a produção muitos anos depois, vindo inclusive a reprisar seu papel, emprestando a voz para o guerreiro Fox, no jogo dos Warriors produzido para o Playstation 2.

•  Como Waites abandonou a produção no meio, os produtores tiveram que matar seu personagem no filme. A cena em que Fox luta com um policial e morre atropelado pelo metrô foi toda feita por um dublê, que esconde o rosto o tempo todo.

•  O presidente Ronald Reagan era um fã declarado do filme. Inclusive ligou para o ator Michael Beck (Swan) para dizer que viu o filme e gostou muito.

•  "The Homicidies" era a verdadeira gangue de Coney Island. A gangue liberou as filmagens no bairro, desde que os Warriors não usassem cores que a gangue real usava. 

•  Robert De Niro foi convidado para interpretar o personagem Cowboy, mas não aceitou o convite.

•  Embora não fique claro no filme, Cleon é realmente morto no início deste. Ajax fica algum tempo na prisão e depois é libertado, voltando à fazer parte da gangue Warriors. Esses fatos foram confirmados na história desenvolvida no video-game de 2005.

•  Os atores Roger Hill (Cyrus), Marcelino Sanchez (Reimbrandt) e Lynne Thigpen (D.J) já são falecidos. Infelizmente o ator Marcelino Sanchez, que interpretou o mais novo dos Warriors, faleceu apenas alguns anos depois do filme ser lançado, em decorrência da AIDS.

•  Pode parecer algo absurdo hoje em dia. Mas o filme retrata as gangues como elas eram naquela época, com cores, uniformes e adereços que deixavam bem evidentes os membros. As gangues preferiam "marcar" encontros para resolver tudo no braço, com o uso de correntes, facas e bastões, deixando o uso de armas de fogo para "ocasiões especiais". Os territórios eram demarcados dessa forma.

As gangues

As action figures

O game

Os melhores