Parem as máquinas, parem as máquinas... O blog Coleção em Ação tem o orgulho de apresentar a crítica sobre a edição definitiva da mais suprema das sagas, a Crise nas Infinitas Terras, publicada originalmente no ano de 1985 e agora reproduzida em toda sua magnitude pela editora Panini. Sigam me os bons...
"Mundos viveram... Mundos morreram.. E as histórias em quadrinhos nunca mais foram as mesmas! Escrita por Marv Wolfman e desenhada por George Pérez, Crise Nas Infinitas Terras apresenta na íntegra a saga que recriou o Universo DC! Uma ameaça trazida por uma irresistível força misteriosa obriga o semidivino Monitor a convocar superseres de diversos mundos para defender a existência de todas as realidades. Mas o caminho para a salvação exigirá um sacrifício nunca antes testemunhado!"
Lembro como se fosse ontem, ainda moleque, chegando em uma banca da minha cidade, encaro fixamente uma edição dos Novos Titãs, cuja capa estampava diversos heróis vagando no espaço, tendo ao fundo diversas terras paralelas sendo destruídas. De cara fui fisgado pela curiosidade. O que poderia ser tão poderoso ao ponto de estampar dor no olhar do Superman e ao mesmo tempo consumir os inúmeros mundos da DC Comics? Apesar de ser novinho e não ter ideia do quanto era confuso o método de publicação da DC Comics pela editora Abril na época, já era fascinado pelo conceito de múltiplas terras e pelas duplicatas de heróis. Adorava o conceito dos heróis mais velhos da então "Terra Paralela" e os seus encontros com os jovens heróis da "Terra Ativa". Gastei toda a minha mesada e comprei aquela edição dos Novos Titãs. Ao abrir aquela revista trilhei um caminho sem volta por meses de agonia acompanhando a saga dos inúmeros heróis de todas as terras e eras da DC na luta desesperada contra o Antimonitor para impedir a destruição das infinitas terras e universos. Apesar do formato ingrato -algo que não incomodava na época- eu não sabia o que me fascinava mais, a arte minimalista do mestre George Pérez ou a maestria do roteiro do Marv Wolfman. Os anos passaram e nunca mais um arco de histórias ou mesmo outra megasaga conseguiram ao menos ofuscar o brilho e a intensidade com que a saga Crise nas Infinitas Terras conseguiu cativar não só este que vos escreve, mas também incontáveis leitores pelo mundo. Folgo em dizer que até hoje a Crise está no topo, juntamente com Watchmen e Cavaleiro dos Trevas, no que de melhor existe em termos de quadrinhos mainstream.
Bom, todo esse relato foi apenas para dizer, que passadas algumas décadas, a Panini vem nos presentear com a edição definitiva da Crise nas Infinitas Terras. Quando eu soube do lançamento, não me contive e comprei ainda na pré-venda. Ocorreram alguns atrasos no lançamento, que só aumentou a ansiedade para saber se a Panini faria jus à importância da Crise para os leitores mais antigos e também para os novos, e lançaria realmente uma edição definitiva da bagaça.
Pois bem amigos, posso dizer, sem medo de errar que a Panini acertou sim, se não 100%, pelo menos 98% no lançamento desta grande obra. O acabamento é perfeito, apesar de achar que erraram por milímetros no aproveitamento da belíssima arte do Alex Ross na capa e contracapa. A diagramação, apesar da nova tradução, mantém o espirito dos anos 80, o que é ótimo para os leitores das antigas. As cores estão magníficas, fazendo com que possamos aproveitar cada detalhe dos milhares de heróis que apenas o mestre George Pérez é capaz de colocar nas páginas ao mesmo tempo. O formato foi perfeito, pois o antigo estilo de formato da editora Abril comprometia em muito até mesmo o entendimento da saga. Os extras são excelentes, apesar de achar que poderiam ter publicado a história "Legends of the DC Universe: Crisis", onde Marv Wolfman revisitou a Crise em 1999. Essa história é apenas citada nos extras e permanece até hoje inédita no Brasil. Muitas curiosidades da época, como a troca de cartas entre editores e artista, mostrando o quanto foi complexo o processo de criação da saga, roteiros, listagens de heróis, vilões e personagens coadjuvantes, checklist dos spinoffs publicados na época, entre outros. Os extras ajudam o leitor à se aprofundar ainda mais nas raízes da Crise. Ponto pra Panini por não ter apenas reproduzido o parco material que a Abril já tinha mostrado e sim ter se preocupado em traduzir o material da edição americana da Crise nas Infinitas Terras. Apenas fica a dica para que um dia lancem esse quadrinho perdido da saga.
Então, como viram, o material é recomendadíssimo não só para os antigos leitores, mas também para os novos, para que entendam como é complexo manter o vigor e o interesse por heróis criados quase que no início do século passado, mas que até hoje povoam o imaginário de pessoas de todas as idades pelo mundo afora. Ainda em tempo, quando estava quase terminando de reler essa belíssima história, me perguntei porque até hoje a DC Animation não anunciou uma animação dessa saga, poderiam fazer algo nos moldes do "Cavaleiro das Trevas" que foi lançado em duas partes. Seria um grande presente para os fãs das múltiplas terras da DC Comics.