Parem as máquinas, parem as máquinas! O Capitão América nunca foi "América", sempre foi da Hydra. A revelação bombástica ocorreu na primeira edição de Captain América: Steve Rogers, que saiu essa semana na terra do Tio Sam. O que isso representa para o mundo? Muito mais do que você imagina jovem Padawan, e é isso que esse artigo (que contém spoilers) pretende mostrar para você.
Como dito, essa semana foi lançada a nova HQ do Capitão América original, o bom e velho Steve Rogers, rejuvenescido e novamente com o soro do supersoldado, após os eventos da saga Avengers Standoff. Só para relembrar, Steve Rogers tinha perdido o soro do supersoldado em uma batalha com o vilão Iron Nail e sem o mesmo acabou ficando com o físico de um homem de 90 anos, sua idade natural. Sam Wilson, o Falcão, assumiu a identidade do bandeiroso e continuou o legado do Capitão América.
Quando a Marvel divulgou que Rogers voltaria a ser o Capitão América, não surpreendeu ninguém, afinal o icônico herói está mais em voga do que nunca, após o sucesso do seu mais recente filme Capitão América: Guerra Civil. O universo Marvel teria dois Capitães América, Rogers com um novo uniforme e escudo triangular e Sam Wilson ainda com suas asas e o escudo original. Cada um enfrentando suas próprias batalhas.
Nick Spencer (roteiro) e Jesus Saiz (desenhos) nos entregaram essa semana uma HQ muito bem feita e gostosa de ler, mostrando Steve Rogers, Agente 13 e Jack Flag enfrentando criminosos do jeito que todo fã gosta. Porém, no meio da história, uma trama paralela começa a mostrar que as coisas não são bem assim. Retornamos aos anos 20 e vemos um jovem Steve Rogers e sua mãe, sendo salvos por uma agente da HYDRA e após isto a mulher convidando Steve a adentrar nas fileiras dessa organização. Volta para o futuro (ou presente no caso) e vemos o Capitão América, juntamente com Jack Flag, enfrentando o Barão Zemo. Repentinamente Steve Rogers mata o herói Jack Flag a sangue frio e na última página, de sua boca saem as palavras que nem o mais cético dos leitores imaginaria acontecer: "Hail HYDRA." Isso mesmo meus caros amigos, segundo Nick Spencer, Steve Rogers sempre foi um agente da HYDRA. E não se trata de um clone, irmão gêmeo maligno, controle mental, nem nada disso. O bom e velho Steve Rogers nunca foi quem você pensou que era. E isso não tem volta, pois ele matou outro herói de forma cruel, herói este que tinha o Capitão América como um exemplo a ser seguido.
Tá bom, tá bom, passado o choque, todos os leitores irão dizer: "Ah, mas o Superman já morreu, o Lanterna Verde já foi um genocida, o Homem-Aranha já fez acordo com o diabo e perdeu a mulher da sua vida pra salvar uma tia moribunda". Ou seja todos os nossos heróis queridos, tanto da DC quanto da Marvel já tiveram seus altos e baixos. Afinal, quem nunca teve? É ai que eu quero chegar caro leitor deste humilde blog, por que fazem isso com nossos heróis? Pra vender é claro, Marvel e DC são empresas que visam lucro acima de tudo. Vi Nick Spencer ser atacado por todos os leitores do mundo, dizendo que o mesmo destruiu um ícone, acabou com o herói da infância de muitos, foi inclusive (pasmem!) ameaçado de morte. Mas será que é ele o culpado ou somos nós? Parece que não queremos mais os heróis coloridos e sorridentes tão lembrados nas artes de mestres como George Pérez, Curt Swan e José Luis Garcia-López, não queremos mais os argumentos altruístas e simplistas de gênios como Stan Lee, Marv Wolfman ou J.M DeMatteis.
Os nossos heróis são reflexo do tempo em que vivemos, cada vez mais cinza, falso moralista e cético. Estamos cada vez menos preocupados em olhar para os lados e mais concentrados no que aparece nas telas de nossos celulares. Mais preocupados em reclamar do que em agradecer. Talvez o Capitão América tenha se tornado um agente da HYDRA, algo que ele sempre combateu, por desejo mesmo que inconsciente de leitores que apoiam a, cada vez mais eminente, eleição de Donald Trump, com seu discurso reacionário e misógino. Entendam bem, não sou simpatizante de comunismo, socialismo e de nenhuma de suas vertentes. Os acho tão intolerantes e cegos quanto os extremo-direitistas. Nem quero aqui adentrar no assunto "política". Pelo contrário, quero apenas deixar uma reflexão de que talvez sejamos nós os culpados por nossos heróis terem deixado de ser simplesmente heróis no conceito mais puro da palavra. Capitão América e Superman sempre foram os representantes máximos da palavra "herói" em suas respectivas editoras. Sempre foram a imagem de tudo que queríamos ser, pessoas com bom coração, que ajudam e se preocupam com o próximo, que são capazes de doar suas próprias vidas em prol de um desconhecido. Será que deixamos de desejar esse ideal e com isso tenhamos deixado nossos heróis tão datados que tiveram de ser atualizados de maneira tão cruel aos novos tempos? Não sei todas as respostas caros amigos, e talvez nem vocês saibam. Só posso dizer que tenho saudade dos tempos em que o mocinho sempre vencia as batalhas contra os vilões e ficava com a mocinha no final.
Serão nossos heróis o nosso reflexo? |
Qual imagem queremos? |